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Pensamentos no SilvaTexas

6 de abril de 2011

RAMAL DA ALFÂNDEGA!

* Socorrendo-me de várias publicações sobre a temática das extintas linhas ferroviárias, nomeadamente a "wikipédia livre" e para que a atual juventude vá conhcendo um pouco da nossa verdadeira história (esta sim, nacional) proponho-me dar algumas pequenas achegas; até porque na minha geração para se ser aprovado no exame da 4ª classe (ensino básico), tínhamos de cantar as linhas e ramais dos caminhos-de-ferro portugueses; e o saber nunca ocupou demasiado lugar. 
* Assim, o "Ramal da Alfândega" é uma curta via ferroviária, em bitola ibérica, que liga, no sudeste da cidade do Porto, a Estação Ferroviária de Campanhã (antiga do Pinheiro) ao terminal de Porto-Alfândega (precisamente onde hoje se encontra o parque de estacionamento com o mesmo nome). Atualmente encontra-se totalmente encerrada ao tráfego.
* Este ramal tem uma extensão de 3,896 quilómetros, tendo sido utilizado, unicamente, por serviços de mercadorias. As obras de arte presentes neste ramal era uma antiga ponte sobre a Rua do Freixo (hoje inexistente e que ladeava a Fábrica Minchin & Mário Navega, em ruínas) e três túneis: ALFÃNDEGA I (oitenta metros), ALFANDEGA II (vinte e três metros) e ALFANDEGA III (mil, trezentos e vinte metros).
* A Alfândega do Porto era, no século XIX, um local de grande movimento comercial marítimo, pelo que era de grande interesse a sua ligação à rede ferroviária nacional.
* Um decreto-lei de 23 de Junho de 1880 estabelece a construção de um ramal ferroviário entre a estação de Pinheiro (atual Campanhã) e a Alfândega do Porto. O estudo do projeto foi da responsabilidade de JUSTINO TEIXEIRA, que se baseou num trabalho inicial de MENDES GUERREIRO. O projeto viria a ser aprovado em 09 de Outubro de 1880 e os trabalhos de construção iniciaram-se a 17 de Julho de 1881, tendo o mesmo sido inaugurado a 08 de Novembro de 1888.
* Uma Carta de Lei de 29 de Agosto de 1889 estabeleceu que a companhia que obtivesse a futura exploração do Porto de Leixões devia construir uma ligação ferroviária entre este porto e o Ramal da Alfândega; no entanto, uma representação de comerciantes e industriais da cidade invita, publicou uma declaração no jornal "O Primeiro de Janeiro" (felizmente ainda existente) em 28 de Setembro de 1904, pedindo ao governo para construir a ligação por Leixões através de Contumil em vez da Alfândega, argumentando que esta solução seria mais vantajosa para as regiões do Minho e Douro, e que o Ramal já não detinha capacidade para mais tráfego.
* Em 15 de Abril de 1903, o governo ordenou que a Direção do Minho e Douro iniciasse a elaboração dos estudos e orçamentos necessários ao prolongamento do Ramal até Leixões, uma vez que a Companhia das Docas do Porto e dos Caminhos-de-Ferro Penínsulares se tornou proprietária da exploração do Porto de Leixões, e, assim incumbida da construção deste projeto, que viria a ser elaborado pelos engenheiros ELEUTÉRIO DA FONSECA e ALVES DE SOUSA e que incluia a construção de uma estação ferroviária em Leixões, que servisse, igualmente, a Linha de Circunvalação  do Porto (atual Linha de Leixões), que ligava a área portuária à Estação de Contumil, na Linha do Minho. A 01 de Julho desse ano, foi publicado um decreto das Cortes Gerais, que previa que a ligação entre a Alfândega e Leixões devia ser construida pela ASSOCIAÇÃO COMMERCIAL DO PORTO, caso a Companhia das Docas do Porto e dos Caminhos-de-Ferro Peninsulares não realizasse este projeto nos prazos estipulados.
* No entanto, o prolongamento do Ramal até Leixões voltou a ser discutido com a construção do Porto de Leixões, no ano de 1892, tendo o mesmo sido defendido pela atual Associação Comercial do Porto.
* A inauguração do Porto de Leixões levou à perda de importância, como terminal de embarque e desembarque de mercadorias, da Alfândega do Porto, começando a pôr em causa a viabilidade do Ramal da Alfândega.
* Mesmo assim, a ligação entre a Alfândega e Leixões era um dos projetos abrangidos numa lei de financiamento para construção de novas linhas (ao invés do que acontece nos nossos dias), publicada em 14 de Julho de 1899; e, em 1902, decorreram obras de duplicação da via neste ramal, como forma de reduzir os problemas de tráfego na Estação de Campanhã. O relatório de 1931-1932 da Direção-Geral de Caminhos de Ferro incluiu, no seu programa de melhoramentos a realizar nas linhas do estado, a renovação da via entre Campanhã e Ermesinde e no ramal da Alfândega.
* A cada vez mais reduzida atividade do ramal, aliada à dificuldade do traçado, bem como a pouca importância no sistema ferroviário nacional (apanágio dos nossos dias), levou ao seu encerramento em Junho de 1989.
* A última composição que fez o pequeno percurso do ramal já foi tracionada por uma locomotiva diesel da série 1400, após por lá terem passado as locomotivas a vapor e os locotratores da série 1150, da marca "Sentinel".
* O ramal está totalmente encerrado ao tráfego, mas o seu traçado, apesar de abandonado, está quase intato, podendo ser facilmente visível por quem circula na Marginal do Rio Douro (Avenidas Gustave Eiffel e Paiva Couceiro).
* Um grupo de entusiastas, associados no GARRA - Grupo de Ação para a Reabilitação do Ramal da Alfândega - defende a sua reabilitação, sugerindo, entre outros, o prolongamento do serviço de passageiros da Linha de Leixões até Porto-Alfândega, criando-se uma exploração comercial, pela CP Porto do itinerário Porto (Alfândega)/Porto (Campanhã)/Porto (Contumil)/São Gemil/Leixões.
* Também se encontra em estudo, a construção da "ciclovia das Fontainhas" (com ligação à "ciclovia da Marginal") que transformaria parte do percurso em ciclovia, conforme Carlos Manta Oliveira, em 01 de Setembro de 2009.



Compilado em Gondomar, por "texasselvagem".

1 comentários:

http://trains.smugmug.com/ 7 de abril de 2011 às 00:23  

Tenho fotos dos comboios na Alfandega ... dos anos 70 .( uma ou duas )
Gostava de percorrer essa linha de Campanhã até à Alfandega , mas o terreno está vedado em Campanhã e pertence à refer ...

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