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Pensamentos no SilvaTexas

22 de abril de 2011

LINHA DO CORGO

* Como preito da minha amizade para com o "filósofo" do grupo dos "carolas", o ilustre Luís Miguel Meireles, vou dissertar um pouco sob o tema epigrafado, socorrendo-me das várias publicações que fazem parte do meu espólio e outras ajudas externas.
* A "LINHA DO CORGO" foi uma linha ferroviária, que ligava as localidades da Régua (Peso da) e Chaves.
* A via utilizada era de bitola métrica (1000 milímetros). Supera um disnível de 370 (trezentos e setenta) metros nos 25 (vinte e cinco) quilómetros entgre a cidade do Peso da Régia e a capital de distrito (Vila Real), serpenteando o vale do Rio Corgo, sendo famosas as histórias passadas no "U" de Carrazedo, onde a linha contorna um vale antes de atingir aquela estação. Com  a reduzida velocidade do comboio, muitos se aventuravam a sair dele, e a apanhá-lo mais à frente. A linha possuia ainda outro "U" na rampa entre Loivos e Oura, atualmente sem tráfego ferroviário, levando o comboio a vencer numa pequena distância um grande disnível, apenas possível neste formato dada a grande restição de inclinação na via-férrea.
* Foi o primeiro traçado de via estreita construido e explorado pelo Estado Português.
* Hoje, a linha encontra-se totalmente encerrada por motivos de obras de beneficiação (?).
* Este itinerário foi garantido, anteriormente, por um comboio ligeiro - um americano - numa via de 900 milímetros de bitola e uma extensão de vinte e seis (26) quilómetros, muito semelhante aos metros de superfície dos nossos tempos; eram comboios que implicavam menos investimento quer na instalação, quer na exploração, já que as linhas férreas eram substancialmente mais simples, aproveitando, tipicamente, traçados de estradas já existentes. Com efeito, este AMERICANO utilizava o eixo da atual EN (Estrada Nacional) 2, entre a Régua, Santa Marta de Penaguião e Vila Real e, esteve ao serviço entre 1875 e 1876 com veículos carrilados, mas de tração animal. A linha foi suportada, em parte, pela "Companhia Vinícola de Portugal", a operar na região do Douro, que iria à falência mais tarde, pressionada pela Companhia dos Caminhos-de-Ferro Portugueses. Foi esta última companhia a responsável pela introdução de "um vagão a vapor" que consistia basicamente num conjunto articulado  de duas locomotivas de montanha e uma plataforma de carga.
* A linha do Corgo foi aberta faseadamente:
a) - Peso da Règua-Vila Real - 12 de Maio de 1906:
b)-Vila Real-Pedras Salgadas - 15 de Julho de 1907;
c)-Pedras Salgadas-Vidago - 20 de Março de 1910;
d)-Vidago-Estação do Tâmega - 20 de Junho de 1919 e,
e)-Estação do Tâmega-Chaves - 28 de  Agosto de 1921 (**)
* A estação de Chaves foi projetada para ser o terminal de três linhas: a do Corgo, a do  Tâmega e a de Guimarães. As duas últimas juntar-se-iam um pouco acima da vila de Cabeceiras de Basto, e viriam a encontrar a linha do Corgo na Curalha, servida pelo apeadeiro (estação) do Tâmega. A linha do Tâmega acabaria por nunca passar do Arco de Baúlhe e a lionha de Guimarães não foi além de Fafe.
(**) - O edifício da estação/apeadeiro do Tâmega, pertence agora a particulares e lá se encontra uma locomotiva a vapor de via reduzida e uma carruagem em madeira de passageiros (não confundir com linha do Tâmega) e que, em princípio, não são suscetíveis de visitas, podendo-se ver, no entanto, o material da estrada, devido a uma longa curva que a mesma faz.
* Nos finais dos anos de 1980, a linha do Corgo estava comercialmente devidida em dois troços: Peso da Régua-Vila Pouca de Aguiar e Vila Pouca de Aguiar-Chaves. Os últimos horários a contemplar todos os 96 (noventa e seis) quilómetros da linha ofereciam apenas quatro circulações diárias entre a Régua e Chaves (duas em cada sentido), havendo mais oferta entre Régua e Vila Pouca de Aguiar. O material circulante era composto por dois icones da Ferrovia Portuguesa: as Xepas e o Texas (pura coincidência com o nome do compilador do texto). As XEPAS eram pequenas automotoras da série 9700, vindas da ex-Jugoslávia, e eram a alcunha para o seu nome original "DURO DAKOVIC", alcunha esta atribuida em alusão à tempestuosa personagem da telenovela "Dona Xepa". As últimas Xepas em Portugal operaram precisamente aqui, até 1996, entre as cidades do Peso da Régua e Vila Real. Já o Texas  era formado por uma locomotiva da marca "Alstom", da série 9020, e carruagens de passageiros antiquíssimas, algumas do início do século. O desconforto era grande entre os passageiros, e os horários (como hoje)  pouco serviam. Após um avultado investimento na via, o Estado decidiu encerrar o troço Vila Pouca de Aguiar-Chaves em 01 de Janeiro de 1990.
* Nos últimos anos de exploração, a viagem entre as estações do Peso da Régua e Vila Real fazia-se a bordo das automotoras da série 9500, demorando menos de uma hora. O restante percurso da linha encontra-se num processo de transformação em ciclovia, tendo alguns pequenos troços sido abertos ao público. Com a construção da A24 (autoestrada), parte do traçado encerrado foi ocupado por esta via, em Fortunho e já próximo de Chaves.
À execeção das estações de Vila Real, que abria apenas em dias selecionados para venda de passes, e da Régua, nenhuma estação da Linha do Corgo vendia, nos últimos anos, bilhetes, sendo este processo efetuado a bordo pelo revisor.
* A linha encerrou a 25 de Março de 2009, segundo a operadora - Rede Ferroviária Nacional - por questões de segurança(?) Mo entanto, esta entidade esperava reabrir a linha à circulação em 2011, tendo em Novembro de 2009, iniciado um estudo às populações entre as cidades de Vila Real e Peso da Régua, pretendendo reconhecer as necessidades das populações, de forma a ajustar o futuro funcionamento da linha.
* Nesse ano, a então secretária de Estado dos Transportes, Ama Paula Vitorino, anunciou que iriam ser investidos 23,4 milhões de euros em obras de reparação da linha, prevendo que estas estivessem terminadas antes do final de 2010.
* Em finais de 2009, terminaram as primeiras fases desta intervenção, que consistiram na retirada de carris e de travessas e alterações na plataforma da via; em seguida a Refer (Rede Ferroviária Nacional) inbiciou a criação de vários projetos de geotecnia, de drenagem e de via. Esta aparente paragem nos trabalhos provocou, no entanto, alguns receios entre as populações e autarcas locais. Além disso, e como previsto, esta entidade iniciou, em 2010, um progrma de inquéritos nos principais pontos de atração e geração de viagens, nas escolas e aos utentes dos transportes públicos rodoviário e ferroviário, por forma a reconhecer os padrões de mobilidade das populações abrangidas; esta informação foi, posteriormente, analisada, de forma a preparar soluções de transporte integrado rodo e ferroviário.
* Em Abril do mesmo ano, a Assembleia Municipal de Vila Real, presidida por Pedro Passos Coelho, aproveou uma moção, exigindo ao governo que inicie a segunda fase nas obras da linha. Luís Pedro Pimentel e AAntónio Cabeleira, deputados do Partido Social-Democrata (PSD), entregaram um requerimento  na Assembleia da República, por formaa que o governo informe sobre as datas de reinício e conclusão de obras, e se a linha estará requalificada e reaberta até Setembro de 2010, como havia sido prometido anteriormente pelo Ministro das Obras Públicas.
* Em Julho, a Rede Ferroviária Nacional decidiu suspender, entre outros investimentos, o projeto de reabilitação da Linha do Corgo, de acordo com as diretrizes do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), que prevê restrições orçamentais e o combate ao endividamente público.

NOTAS DO COMPILADOR:

1 - Desde que a linha foi encerrada, dificilmente havia vontade política para a reabrir.
2 -Nas cocheiras da antiga estação ferroviária de Chaves, funciona um pequeno núcleo museológico onde existem duas locomotivas a vapor, dois vagões plataforma de carga, um quadriclo motorizado que andava sobre carris e outros instrumentos ligados à ferrovia. no caso só de via estreita, que se encontra aberto a visitas, dentro dos horários de expediente da autarquia.




Compilado em Gondomar, por "texasselvagem"  

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