LINHA DO TÂMEGA
* Continuando com a minha espinhosa (sem espinhos) missão de historiar sobre os ramais (que julgo já concluidos) e linhas ferroviárias já encerradas ou inexistentes, vou dissertar um pouco sobre a epigrafada.
* A "LINHA DO TÂMEGA" foi uma ferrovia de via estreita (bitola de 1000 milímetros) no norte do país, que ligava a estação da Livração (ou das Caldas de Canaveses, para a Linha do Douro) à estação do Arco de Baúlhe, numa extensão total de 51,733 quilómetros.
* A linha encontra-se atualmente encerrada em toda a sua extensão por motivos de obras de beneficiação no troço entre a Livração e Amarante(?). Já o troço entre esta cidade (Amarante) e o Arco de Baúlhe havia sido definitivamente encerrado em 1990, devido a uma alegada diminuta utilização (?)
* Em Março de 1905, a empresa CAMINHOS-DE-FERRO DO ESTADO-COMPANHIA DO MINHO E DOURO deu início à construção da linha na Estação da Livração (concelho do Marco de Canaveses). A controvérsia em relação ao traçado e o elevado número de empresas interessadas na sua construção atrasou o arranque das obras, pelo que as mesmas (verdadeiramente) só se iniciaram em 1908.
* Foi inaugurada, no seu troço inicial, entre as Estações da Livração e de Amarante, a 20 de Março de 1909. A composição do comboio inaugural era constituída por carruagens de 1ª e 3ª classes, um salão, um furgão e dois vagões de carga, que foram tracionados por uma locomotiva a vapor da marca "Compound", série 410, que chegou a Amarante às 11h45.
* Só após grande pressão de várias personalidades da região se avamçou para o restante percurso (cerca de trinta e nove quilómetros) até ao Arco de Baúlhe. Os trabalhos de construção começaram em 1916, tendo sido imaugurado, em 22 de Novembro de 1926, o troço entre a Estação de Amarante e o apeadeiro da Chapa.
* Em 1927, a CP toma por arrendamento as linhas dos Caminhos-de-Ferro do Estado e subaluga a linha à COMPANHIA CAMINHOS-DE-FERRO DO NORTE DE PORTUGAL que continua as obras e faz chegar o comboio a Celorico de Basto (distrito de Braga) em 20 de Março de 1932.
* Finalmente, e quarenta anos após a inauguração do primeiro troço, a linha chega ao seu términos (Arco de Baúlhe) em 15 de Janeiro de 1949. Neste mesmo ano foram introdizidas locomotivas a diesel, relegando as velhas locomotivas a vapor para circulação somente em dias de festa.
* Com a alegação de diminuta utilização (?), o troço entre as estações de Amarante e de Arco de Baúlhe, numa extensão de 38,960 quilómetros, é encerrado a todo o tráfego em 01 de Janeiro de 1990.
* Em 2008, um cidadão britânico apresentou um projeto às autarquias da região das Terras de Basto para reabilitação e recuperação do troço que havia sido encerrado; sendo que o plano previa não apenas a exploração ferroviária turística, como também o regresso de um serviço regular de passageiros. O projeto não foi, no entanto aceite.
* A 25 de Março de 2009, o troço que ainda se mantinha em serviço, entre as esrações da Livração e de Amarante, foi encerrado para se proceder a obras de benficiação, cuja empreitada já se encontrava atribuida em 2009 e deveria ter ficado comcluida no decorrer deste ano.(**)
* As autarquias de Amarante a Cabeceiras de Basro pretendem converter a via em ciclovia, estando em fase avançada o troço Amarante-Gatão(***).
* FASES DE CONSTRUÇÃO:
a) - Livração-Amarante - 12,770 quilómetros, inauguração em 21 de Março de 1909;
a) - Livração-Amarante - 12,770 quilómetros, inauguração em 21 de Março de 1909;
b) - Amarante-Chapa - 8,430 quilómetros, inauguração em 22 de Novembro de 1926;
c) - Chapa-Celorico de Basto-13,370 quilómetros, em 20 de Março de 1932;
d) - Celorico de Basto-Arco de Baúlhe - 17,160 quilómetros, em 15 de Janeiro de 1949.
* Esta linha fazia parte de um ambicioso plano que previa a ligação à Linha de Guimarães na localidade de Cavez, de onde passaria a haver uma linha comum até à localidade da Curalha, perto de Chaves, 0onde entroncaria na Linha do Corgo, até esta cidade.
* No entanto, este projeto nunca se cumpriu. A Linha de Guimarães nunca chegou a passar de Fafe, tendo o troço até Guimarães sido reconvertido para via larga, sendo o restante trajeto encerrado e convertido na primeira ciclovia em leito ferroviário português. Por seu lado, a Linha do Tâmega nunca chegou a passar para além de Arco de Baúlhe.
* Ao longo do seu traçado a linha tem oito pontes: Ovaia, São Lázaro, Santa Natália, Ribeira de Fiães, Vitureiras, Rio da Vila, Caniço, Carvalhas e Matama. No entanto possui um único túnel, o de Gatão com cento e cinquenta metros de comprimento.
* Ocupando as antigas instalações para estacionamento do material circulante, no centro da vila, encontra-se em pleno funcionamento o Núcleo Museológico de Arco de Baúlhe, onde se pode observar vário material de linha estreita, em perfeito estado de conservação.
* Até à interrupção da circulação, por razões de segurança, em 25 de Março de 2009, o troço Livração e Amarante tinha tráfego de passageiros, explorado pela CP Regional. Com cerca de sete ligações diárias, em cada sentido, o percurso era efetuado, em pouco mais de trinta minutos, por automotoras LRV 2000 pintadas de vermelho.
* Arualmente, a CP Regional assegura ligações alternativas por autocarro.(****)
* A Linha do Tâmega foi palco de nascimento para a primeira organização civil de defesa dos direitos das populações que perderam o serviço ferroviário. A COMISSÃO DE DEFESA DA LINHA DO TÂMEGA, faz ouvir a sua voz de discórdia pela situação de marasmo e alienbação do património ferroviário desta linha desde quando os comboios ainda chegavam a Arco de Baúlhe.
NOTAS DO EDITOR:
(**) - As obras encontram-se completamente paradas, não se prevendo a reabertura da linha nestes tempos mais próximos;
(***) - Troço já concluído, nesta altura;
(****) - Devido aos elevados encargos, a CP Regional pondera acabar com estes transportes alternativos dentro de muito pouco tempo.
Compilado por "texasselvagem", em Gondomar.
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