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Pensamentos no SilvaTexas

26 de abril de 2011

LINHA DO TUA

* Acho que deveria começar por dissertar a história, colocando a palavra "coxa" no início! Mas, como a minha missão é apenas dar a ckonhecer um pouco de história, que jamais terá futuro...vamos ao que interessa.
* A "LINHA DO TUA" era uma ligação ferroviária em bitola métrica (via estreita), que ligava  a estação do Tua - partilhada com a Linha do Douro - à estação de Bragança. Atualmente a linha encontra-se apenas em funcionamento no troço "Cachão-Carvalhais", numa distância de dezasseis (16) quilómetros. O comprimento total da Linha foi de 133,80 quilómetros.
* O "MCLT-MOVIMENTO CÍVICO PELA LINHA DO TUA", é um movimento criado em Outubro de 2006 numa reunião efetuada em Coimbra. Fruto da alta instabilidade na política ferroviária, na qual todas as vias estreitas foram apontadas para encerramento, os seus fundadores avançaram com a ideia de um grupo de ação em prol da divulgação e vivência da Linha do Tua.
* Tem desenvolvido várias formas de protesto, além de exposições e intervenções em eventos ligados ao caminho-de-ferro. Lançou neste ano a "Petição pela Linha do Tua Viva", a qual reune a voz de discórdia de milhares de cidadãos pela eventual construção de uma barragem e subsequente destruição da Linha.
* A história desta linha (do tua) remonta a 1878, quando foram apresentados dois projetos distintos para a construção de uma via-férrea no Vale do Tua, um pela margem direita (engenheiro João Dias, condutor Bernarbé Roxo, sob direção do engenheiro Sousa Brandão), e outro pela margem esquerda (engenheiro António Pinheiro), Seria este último que viria a ganhar a corrida.
* Nesta fase, a Linha do Douro avançava vinda da cidade do Porto com destino à fronteira do rio Águeda com a Espanha, em Barca d'Alva - não confundir este rio, com o homónimo que atravessa a cidade de Águeda, no distrito de Aveiro e que nasce na Serra do Caramulo. O intuito da Linha do Tua seria, embrionariamente, assegurar uma ligação entre o Douro e Zamora. O seu traçado veio a prever depois uma ligação a Vinhais, seguindo o vale do Tuela ou o planalto entre o Tuela e o Rabaçal, mas a dureza deste traçado superaria o do próprio Baixo Tua onde a linha acabou por avançar, sendo pois abandonado.
* Em 22 de Junho de 1882  a Câmara de Mirandela apresentou à Câmara dos Pares do Reino a aprovação do projeto de lei para a subvenção de 135 contos de réis, para cobrir a garantia do juro de 5% para a empresa que viesse a construir a Linha do Tua. Em 11 de Janeiro de 1883, ano em quea Linha do Douro chegaria à estação ferroviária do Tua, a Câmara de Mirandela apelou ao Rei Dom Luiz I para a aprovação da Linha do Tua, ato pafra o qual veio a acontar com o apoio da Associação  Comercial do Porto, que pretendia salvaguardar os seus interesses ao dar mais força ao Vale do Douro como via de transporte, em detrimento de vias mais a sul, como Aveiro a Vilar Formoso.
* Em 26 de Abril de 1883, é lançada em Carta de Lei o concurso para a construção da Linha do Tua, ficando ao Conde da Foz adjudicada a obra; este viria a trespassá-la à COMPANHIA NACIONAL DOS CAMINHOS-DE-FERRO (CN, cujo símbolo é ainda visível na estação de Bragança), em Dezembro desse mesmo ano. O grupo que construiu a primeira fase da linha (até Mirandela) foi o mesmo que veio a construir a Linha do Dão (Santa Comba Dão/Viseu), primeira via-férrea a chegar a Viseu, antes da linha do Vouga, inaugurada em 1890. As semelhanças entre estas duas vias estreitas passam ainda pela partilha do mesmo engenheiro:  Dinis da Mota.
* Em 26 de Maio de 1884 é confirmada a adjudicação da obra à CN, assinando-se o contrato definitivo em 30 de Junho do mesmo ano. A 16 de Outubro, começa assim, a ser construída a Linha do Tua, a partir de Mirandela rumo à foz do Rio Tua.
* A  obra teve nos seus primeiros quilómetros uma tarefa facilitada; inserida num vale aprazível e plano, até chegar ao estreitamento de Abreiro (hoje uma estação) apenas um túnel foi escavado (Frechas), além de esporádicas trincheiras e pontões, com uma única ponte metálica de pequenas dimensões no Cachão.
* No entanto, Abreiro tornou-se o prenúncio de uma das obras mais extraordinárias de sempre da engenharia portuguesa. Fruto das dificuldades do terreno, e de juma força de trabalho altamente conflituosa, o engenheiro responsável deixou o seu lugar vago, dando entrada a um dos mais notáveis engenheiros portugueses do século XIX, o açoriano Dinis da Mota, que viria também a deixar a sua assinatura na Linha do Dão (como já foi aqui referido).
* Com o  pequeno prelúdio de Abreiro ultrapassado pelos primeiros grandes paredões de suporte e a maior ponte metálica até então necessária (destruida e substituida após as cheias no rio Tua no início dio século XX), o Vale do Tua volta a dar tréguas, com algumas dificuldades que começam a ser cada vez mais contínuas. A partir de Brunheda (outra estação), entra-se ni Baixo Tua e, começa a fase mais épica da construção desta linha.
* Em apenas dez quilómetros, a partir da estação do Tua, foram necessários dois viadutos e uma ponte (Presas, Fragas Más e Paradela), e cinco tíneis (Presas, Tralhariz, Fragas Más I e II e Falcoeira) que totalizam uma distância de 456 metros. Estes, particularmente na zona das Fragas Más - garganta do vale formada por rochedos titânicos - foram conquistados à natureza com métodos e homens tão temerários como os que ficavan presos por uma corda a uma plataforma elevada nas escarpas, baixados até à plataforma da via, onde acendiam o  rastilho da dinamite e eram rapidamente subidos para a plataforma, antes da encosta vomitar pedaços de rochas na explosão.
* A 27 de Setembro de 1887 a Linha do Tua era inaugurada, com a locomotiva E81 (batizada "Trás-os-Montes" e conduzida pelo próprio engenheiro Dinis da Mota. Em Mirandela, a grande estação (a maior estação portuguesa de via estreita) acolhia entre muitas figuras ilustres, El-Rei Dom Liuz I. A 29 desse mês a linha era aberta à exploração.
* A construção do troço até Bragança detinha um elevado interesse, porque iria atenuar o problema das vias de comunicação nesta região, que detinha uma elevada importãncia económica, devido à sua produção de gado, cereais e minérios, especialmente estanho; com efeito, em 1902, já tinham sido exportados, pelo troço aberto da Linha do Tua, até Mirandela, mais de quatro milhões de quilogramas de cereais por ano.
* O orçamento do "CAMINHO-DE-FERRO DE MIRANDELLA A BRAGANÇA", efetuado em 1888 pela Direção d'Estudo da Rêde Complementar ao norte do Mondego, estabelecia um custo por quilómetro de 19,680$000 réis; no entanto, este orçamento teve de ser revisto (como nos bons tempos atuais), devido a aletrações cambiais, e ao aumento dos custos da mão de obra e dos materiais, resultando num valor não inferior a 22;000$000 réis por quilómetro. No dia 14 de Fevereiro de 1902, terminou um concurso, aberto pelo Conselho de Administração dos Caminhos-de-Ferro do Estado, para a construção e exploração desta ligação ferroviária; o empresário João Lopes da Cruz apresentou uma proposta, pedindo que o Estado assegurasse o complemento do rendimento lóquido de 4,5%, em relação ao preço quilométrico de 26;880$000 réis.
* Um dos nove concorrentes apurados para o Festival RTP da Canção de 1979 foi o tema "o comboio do Tua", interpretado por Florência que recebeu 63 pontos, sendo classificado em oitavo  lugar. 
* Em 1982, encontravam-se a circular, em toda a extensão desta linha, composições rebocadas por locomotivas da série 9020.
* O troço Carvalhais-Bragança encontra-se encerrado a todo o tráfego ferroviário desde 1992. Esta data está envolta em polémica, uma vez que em Dezembro de 1991 se encerrou o troço Nirandela-Macedo de Cavaleiros, deixando o troço até Bragança isolado da rede ferroviária nacional. Poucos dias depois, um descarrilamento em Sortes veio ditar o encerramento do troço Macedo de Cavaleiros/Bragança, de forma indeterminada, finalmente confirmada em 1992.
* A operação de encerramento definitivo do troço Mirandela/Bragança ocorreu durante a noite, sem aviso prévio e, simultâneamente entre Bragança e Macedo de Cavaleiros. Foi registada a presença de forças policiais, tanto para evitar ao máximo o registo de imagens, como para afastar a população, que ao saber da operação acorreu às estações destas localidades. Todo o material circulante estacionado nestas estações foi retirado, não por via ferroviária, mas sim rodoviária. Foi relatado nessa noite um síbito corte nas telecomunicações. Devido a todos este fatores, o acontecimento é recordado como "A noite do Roubo".
* Parte do trajeto da Linha do Tua encontra-se, neste momento, ameaçado de submersão pela albufeira prevista para a Barragem do Tua. Se fôr concretizada a construção, será submergida parte da linha, deixando-a isolada da restante rede ferroviária nacional.
* Após o conturbado processo de encerramento do troço Mirandela/Macedo de Cavaleiros/Bragança, dividindo-o em dois troços entre as localidades de Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança, que se arrastou entre Dezembro de 1991 e finais de 1992, a Câmara Municipal de Mirandela assumiu um projeto audacioso da reabertura de parte desta via encerrada. Desta forma, nascia em 1995 o METROPOLITANO DE SUPERFÍCIE DE MIRANDELA, aproveitando quatro quilómetros de via encerrada, entre as estações de Mirandela e de Carvalhais, assumindo assim o lugar do 2º Metro de Portugal (depois do da capital). Aproveitando as duas estações mencionadas atrás, mais o antigo apeadeiro de São Sebasrião, foram criadas adicionalmente as paragens de Tarana, Jacques Delors e Jean Monet. A par dos nomes das automotoras que compunham a frota inicial do MM - Lisboa, Paris, Estrasburgo e Bruxelas, os nomes das estações novas (exceção feita à de Tirana) pretendem ser uma homenagem à União Europeia que financiou todo este projeto.
* O seu propósito  original foi o de garantir aos estudantes do pólo do  ensino superior sito em Carvalhais um transporte mais fácil. Com o objetivo de estender este conceito aos alunos de outros níveis de ensino, e população em geral, foi desde logo projetado um acordopara uma rede de Meetro entre o Cachão e Carvalhais, algo que nunca veio a acontecer. O troço entre as estações de Mirandela e do Tua era explorado pela CP com colaboração do Metro de Mirandela, circulando as unidades pertencentes a este último.
* A Linha do Tua está a partir do acidente do dia 22 de Agosto de 2008, encerrada desde a estação do Tua até ao Cachão.




Compilado em Gondomar, por "texasselvagem"  
    

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