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24 de janeiro de 2017

DIVAGAÇÕES SOBRE LINHAS FERROVIÁRIAS - PARTE VII

Muito embora não seja nada criado por mim, gostava de saber quantos gondomarenses sabiam disto e, consequentemente quantos sampedrenses tinham conhecimento deste historial da sua freguesia.

LINHA FERROVIÁRIA DE SÃO PEDRO DA COVA

* A "LINHA DE SÃO PEDRO DA COVA" foi uma ferrovia projetada, mas que jamais avançou e que iria unir as minas de carvão de São Pedro da Cova à Estação Ferroviária de Rio Tinto, ambas no concelho de Gondomar e, desta à cidade do Porto.
* Decorria o ano de 1898, quando os proprietários das minas de então, Silvério Carneiro da Silva e Bento Rodrigues de Oliveira, resolveram dar início a conversações com o Ministro das Obras Públicas da época, sobre um projeto para um ramal que ligaria as minas até à Estação de Rio Tinto, nas linhas do Douro e Minho. Por esta altura, o couto mineiro havia ganho uma importância bastante considerável, em grande parte pela descoberta do uso da antracite como combustível. Orçamentou-se que o custo do ramal rondaria os trinta mil réis, custo este que seria integralmente pago em poucos anos com os rendimentos da exploração do minério. Na época o preço rondava os 4$600 réis por tonelada (mil quilogramas), a que se acrescentava 2$800 pelo transporte, montante este que seria deveras reduzido com a ferrovia. Era tido como certo, que as minas teriam cerca de quinhentas mil toneladas de minério em depósito, sendo a produção diária significativa, tanto mais que já se expediam entre duzentos a trezentos carros diários para a grande cidade (Porto), utilizando-se o minério essencialmente nas cozinhas domésticas. Mas a produção diária não podia crescer motivada pela falta de transporte, o que inviabilizava o uso industrial e o desenvolvimento da exploração. No mês de setembro daquele mesmo ano, o ministro já ordenara a realização de estudos definitivos para o traçado da linha.
* Em dezembro, uma comissão formada por representantes da autarquia gondomarense solicitou o apoio do Governador Civil do Porto e de diversas associações comerciais e industriais para a construção desta ferrovia que serviria o concelho e ligaria, diretamente à cidade portuense. Aquela comissão defendeu que a linha iria ter uma vital importância, uma vez que ligaria várias povoações, ricas em instalações de manufaturas ou de produtos naturais e, ainda por facilitar o transporte da antracite, reduzindo o seu custo e visando o acréscimo da produção. A fim de a linha não beneficiar apenas a zona mineira, o seu traçado passaria pelas freguesias vizinhas de Jovim, Valbom, Gondomar (São Cosme) e Foz do Sousa. A comissão considerou que o traçado atravessaria os lugares de Carregais, Quintela e Souto (em São Cosme), Touta e Barraca (Jovim) e Mó, Passal de Cima e de Baixo e Ervedosa (São Pedro da Cova). O governador civil apoiou o projeto, deslocando-se propositadamente à capital para o discutir com o ministro. Já a nível ministerial veio a ser realizado um inquérito administrativo, para apreciação pública de todos os projetos contemplados nos Planos das Redes Complementares ao Norte do Mondego e ao Sul do Tejo, entre os quais se incluia a linha de São Pedro da Cova, em via estreita (métrica), mas não somente para o transporte do minério, mas também para o tráfego de passageiros.
* No final daquele século, outra comissão formada pelo presidente da Câmara Municipal (simultaneamente administrador do concelho) e por vários proprietários do município, foi recebida pelo deputado Sousa Pinto, para que intercedesse junto do ministério na concretização do projeto. Na mesma altura, três comissões de proprietários rurais de Rio Tinto, Fânzeres e São Pedro da Cova solicitaram o apoio do Governador Civil para que a projetada linha tivesse início em Rio Tinto e servisse a então freguesia de Fânzeres.
* Quando o Plano da Rede Complementar ao Norte do Mondego foi decretado, em 15 de fevereiro de 1900, trouxe algumas alterações a esta linha, nomeadamente a sua construção ser em via larga e não estreita e seria um ramal da Linha Marginal do Douro que começaria no ponto quilométrico (PK) 2,500, terminando na Linha do Douro entre as localidades de Mosteirô ou Aregos. A Linha Marginal do Douro que já havia sido projetada começaria, desta forma, no concelho de Gondomar, servindo Entre-os-Rios (Penafiel). A função primordial era a melhoria das comunicações com as localidades marginais do rio Douro, constituindo uma alternativa à já na época saturada linha do Douro.
* Os anos conturbados do fim da monarquia e do início da república, com as crises financeiras inerentes obstaram a que o sonho humano novamente se esfumasse!  
 

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