TRAGÉDIA DA GIBALTA!
* A "TRAGÉDIA DE GIBALTA" foi um acidente ferroviário ocorrido em 31 de Março de 1952, na Linha de Cascais.
* Na altura do acidente, era habitual ocorrer a infiltração de águas da chuva nos terrenos que suportavam o "Farol da Gibalta", fazendo com que se abrissem fendas. Este fenómeno intensificava-se ainda mais nas épocas de maior precipitação, pois os canais de escoamento ficavam inundados. No entanto, apesar deste fenómeno acontecer com frequência, os acidentes eram raros (tantas vezes vai o cântaro à fonte, que um dia lá deixa a asa...). Ao fundo das ravinas, junto ao oceano, encontrava-se uma via férrea, parte da Linha do Estoril (antigo nome da Linha de Cascais), que era utilizada frequentemente pelas composições da "Sociedade Estoril".
* No dia da tragédia, verificava-se uma forte precipitação, o que, como habitual, resultou na perda de unidade dos terrenos de suporte do farol quando as águas se infiltraram. Assim, cerca das 08h00 da manhã, o faroleiro observou a formação de várias fendas no solo da plataforma do farol, tendo alertado, em seguida, a Direção dos Faróis, que enviou uma equipa de técnicos ao local para avaliar a situação.
* Ao mesmo tempo, uma composição - formada por uma automotora mista, um furgão e duas carruagens de terceira classe - encontrava-se a caminho do local, tendo partido da Estação Ferroviária de Cascais dentro do horário previsto, com destino à Estação final do Cais do Sodré. A bordo encontravam-se cerca de 150 (cento e cinquenta) passageiros.
* Cerca das 11 horas e 45 minutos, deu-se um desmonoramento, atingindo a composição, que nesse preciso momento se encontrava a transitar nesse lugar (estava no sítio errado, à hora errada). A penúltima carruagem foi a mais atingida, tendo sido totalmente destruida. Este acidente veio a fazer 10 (dez) mortos e 38 (trinta e oito) feridos.
* O pânico instalou-se a bordo da composição, tendo alguns passageiros e o pessoal tentado retirar os feridos e os mortos dos destroços; pouco tempo depois, chegaram os serviços de socorro, acompanhados por polícias, membros da Guarda Nacional Republicana, soldados dos quarteis próximos e voluntários. Apesar das dificuldades que se faziam sentir devido à chuva e vento intensos, foram resgatados trinta e oito (38) feridos, que foram dirigidos para os hospitais da capital (Lisboa)..
* Este acidente viria a ser o terceiro envolvendo os caminhos-de-ferro em Portugal num curto espaço de tempo, tendo criado um certo clima de insegurança neste meio de transporte coletivo.
* Logo após o acidente, foram enviados técnicos para o local, por forma a descobrir quais foram as verdadeiras causas do mesmo, e orientarem os esforços de desobstrução da via. Já nesta altura, esta via detinha uma elevada importância, assegurando as necessidades diárias de transporte das populações daquela zona, pelo que deveria ser colocada em funcionamento tão depressa quanto possível. Enquanto a circulação esteve suspensa, a "Sociedade Estoril" organizou um serviço de transporte misto, utilizando autocarros para deslocar os passageiros entre as estações afetadas, tendo conseguido, assim, reduzir ao máximo os efeitos do acidente na circulação.
* A conduta do faroleiro também foi posta em causa, pois este limitou-se a cumprir o regulamento, tendo apenas avisado a Direção dos Faróis; pois, caso tivesse alertado, voluntariamente, a "Sociedade Estoril", o acidente ter-se-ia evitado.
* A investigação concluiu que o farol, após o acidente, ficou numa situação precária; não sendo passível a realização de obras de consolidação devido às condições do terreno, pelo que este teria de ser removido. Devido à necessidade absoluta de um apoio à navegação naquele lugar, foi construido um novo (ainda hoje existente) a cerca de trinta (30) metros de distância.
Compilação em Gondomar, por "texasselvagem"
FONTES: Livreto sobre a "Sociedade Estoril" e excertos de publicações do acervo do autor;
Trechos retirados, também, da "wikipédia, livre".
NOTA: Texto escrito segundo as normas do actual acordo Ortográfico para a Língua Portuguesa.
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