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23 de janeiro de 2017

DIVAGAÇÕES SOBRE LINHAS FERROVIÁRIAS - PARTE VI

LINHA DE BRAGA A CHAVES

* A "LINHA DE BRAGA A CHAVES" (assim mesmo denominada) foi mais uma ferrovia idealizada, melhor projetada, mas que nunca saiu da gaveta. Nas muitas e variadas propostas de execução, ela ia tomando designações como mais interessava aos seus ideólogos; "Linha do Alto Cávado", "Linha do Gerês" ou "Linha do Cávado-Barroso".
* Certo foi que a designação oficial atribuída foi de "Linha de Braga a Chaves" e se tivesse avançado iria ligar aquelas duas cidades do interior. Aliás, esta linha foi uma das propostas no projeto ferroviário apresentado pela autarquia bracarense de então. Contudo, ao invés da Linha do Alto Minho e da linha de Braga a Guimarães, esta nunca terá recebido o necessário apoio governamental. Pelos detratores, ela foi vista como uma concorrente à linha do Tâmega/linha de Guimarães, no que à ligação flaviense ao litoral diz respeito. Não será por acaso que a falta de informações oficiais sobre esta projetada linha é notória. Encontram-se alguns registos na "Gazeta dos Caminhos de Ferro" e na comunicação social, desse tempo, dos concelhos de Chaves e de Braga e pela qual se deram a conhecer três propostas. A primeira contemplava um prolongamento do Ramal de Braga, em bitola ibérica, até Chaves e também um ramal que partiria de Vilar de Perdizes e se internacionalizava na ligação à linha de Corunha e Zamora. O respetivo traçado até à vila de Montalegre seria paralelo ao rio Cávado. A segunda proposta desenhava um trajeto semelhante, não seria em via ibérica, mas sim em via métrica e não teria ligação internacional.  Na localidade de Frades (concelho de Vieira do Minho)  o percurso passaria a ser pela margem do rio Rabagão e incluia a vila de Boticas. A última apresentada, seria de via métrica e tinha o termo na vila de Montalegre. Por mera curiosidade se acrescente se esta última tivesse vingado, o troço teria o cume ferroviário mais alto de Portugal, com os seus novecentos e oitenta metros que seriam atingidos na freguesia montalegrense de Meixedo.
* Mas recuemos ao século XIX, em que pelos seus meados, a região minhota, principalmente o interior, lutava com gravíssimos problemas nas acessibilidades, encontrando-se as vias terrestres pouco (ou nada) desenvolvidas o que fazia com que os principais eixos de transporte fossem os rios, no caso em apreço, o Cávado. Fizeram-se várias tentativas de tornar aquele curso de água navegável, mas todas elas acabaram sem êxito. Entretanto em 21 de maio de 1875, a ferrovia chegou à cidade bracarense.
* Em 10 de agosto de 1897, o então Ministro da Fazenda, Mariano de Carvalho, apresentou às autarquias um projeto de lei, que autorizava o governo a adjudicar a construção e a exploração de várias linhas ferroviárias, em hasta pública, nomeadamente, e nos projetos constantes da lista da Rede de Douro e Minho, estava incluída uma linha que ligaria as cidades bracarense e flaviense, que seguiria o vale do Cávado até à freguesia de Ruivães. A linha tinha já uma garantia de trinta e cinco mil réis por quilómetro, o que iria prejudicar a linha da Régua a Chaves (concorrente direta) que não tinha qualquer garantia estatal.
* No Plano Geral da Rede Ferroviária (PGRF) que veio a ser publicado pelo Decreto número 18190, de 28 de março de 1930, a Linha de Braga a Chaves já não vinha contemplada, nem classificada, pois pelos relatórios apresentados pelas diferentes comissões consultivas, o troço iria ficar, em grande parte, paralelo à linha do Ave (!!!!!).
* Finalmente, atente-se que no mês de julho de 1922 entrou ao serviço comercial, o troço da linha do  Corgo até à cidade de Chaves, na sua totalidade de via métrica.  

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