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Pensamentos no SilvaTexas

6 de fevereiro de 2017

DIVAGAÇÕES SOBRE LINHAS FERROVIÁRIAS -. PARTE XI

LINHA DA ERICEIRA

Não irei maçar mais os meus possíveis leitores com linhas férreas que nunca o foram e que, na maior parte, nem do papel saíram.

* A "LINHA DA ERICEIRA" teria sido uma ferrovia de via estreita, que foi projetada mas jamais construída, que iria facultar uma ligação entre a rede ferroviária nacional e a localidade da Ericeira no concelho lisboeta de Mafra.
* Mas recuemos aos inícios. Em 11 de maio de 1889, foi requerida a concessão de um sistema de caminho de ferro do tipo americano, que se iniciaria na estação ferroviária da Malveira e integraria o, também já projetado "Caminho de Ferro da Lisboa a Tôrres, Mafra e Ericeira".  Em 01 de dezembro de 1894 fôra solicitada a concessão de uma ferrovia, do mesmo tipo (americano), que seria tracionada por material a vapor e iria ligar a estação de Queluz (Belas) à freguesia da Ericeira, atravessado a sede do concelho (Mafra). No mês de  março seguinte a concessão foi aprovada, apenas carecendo da carta corográfica da região que iria ser atravessada pelos carris e da planta das estradas onde os mesmos estariam planeados serem assentes., para depois se organizar a companhia numa reunião a nível governamental.
* Pelo mês de abril de 1899, o empresário Eurico Allen, que detinha a concessão para um caminho de ferro de via estreita que se designava por "Queluz-Bellas" requereu uma autorização para que esta fosse prolongada até à Ericeira, tendo infraestruturas (apeadeiros ou estações) na Talla, Molhapão, Telhal, Algueirão, Granja do Marquês, Vilaverde, Terrugem, Montelavar, São João das Lampas, Lage, Zambujal, Carvoeira e Cazalinho.
* Posteriormente, em 16 de maio de 1903, os concessionários da linha elétrica entre a vila e a estação de Mafra requereram autorização para o prolongamento da mesma até à Ericeira e à vila de Sintra. A própria empresa dos Elétricos de Sintra chegou, igualmente,a pedir uma autorização para que os seus veículos continuassem para além da Praia das Maçãs. Todos estes requerimentos ficaram, contudo, pendentes de uma comissão que havia sido criada, muito recentemente, para o estudo das bases com vista à concessão das ferrovias que iriam ocupar parte do leito das estradas.
* No Plano Geral da Rede Ferroviária Portuguesa, que veio a ser publicado em 28 de março de 1930, foi promulgado o projeto para a "Linha da Ericeira" de via estreita, que ligaria Carriche à Ericeira e serviria Loures, Lousa e Mafra. No início de 1932, as autarquias de Loures e Mafra mostraram todo o seu interesse na construção da linha, mas utilizando a tração elétrica, o que seria não só uma ferrovia, mas também uma forma de transportar a energia para diversos locais da região. Por essa época, a linha era apontada como a solução para a crise que aquela região sofria, visto que iria dar emprego a muitas pessoas, não só ligadas diretamente à obra, mas também na consequente exploração ferroviária e na produção da eletricidade. Fora isso, constituiria uma maneira fácil de atrair turistas, nomeadamente para o Convento de Mafra que sofria da falta de acessos, devido ao péssimo estado da estrada nacional na zona dos Cheleiros. Tornaria, também, mais fáceis as ligações com a capital, permitindo que os seus habitantes visitassem alguns locais como Loures, Venda de Pinheiro, Montachique ou Freixial.
Em abril daquele ano (1932), o governo já tinha concedido a autorização provisória às autarquias em questão, tendo estas já concluídos todos os estudos necessários, aguardando somente que o Ministério do Comércio e Comunicações estabelecesse no orçamento qual a garantia do juro para a respetiva construção. Os estudos indicavam uma estimativa anual de quarenta mil escudos para cada uma daquelas câmaras. O projeto de toda a linha foi da autoria dos engenheiros João Castelo-Branco e Henrique Kopke. De início as autarquias haviam decidido constituir um empréstimo, em Portugal ou no exterior; tendo, para esse efeito, uma casa londrina oferecido um empréstimo de 250.000 £ em condições bastante aceitáveis e com a promessa da construção ficar concluída no prazo de um ano; posteriormente surgiram outros dois grupos que se interessaram pelo financiamento, sendo um português e outro alemão.
* Havia ficado consignado que os principais centros que iriam beneficiar da linha seriam Loures, Bucelas, Mafra e Ericeira, mas dela constavam ainda dois ramais, um que ligaria o Freixial a Loures, passando por Santo António do Tojal, Zambujal e Bucelas, sendo que o outro ligaria Carriche a Caneças, servindo Odivelas e Montemor. Um documento formulado pelo Conselho Superior de Caminhos de Ferro e remetido ao governo previa uma receita anual de mercadorias no mínimo de 3.500.000$ e de passageiros superior a 3.120.000$ a que acresceria 120.000$ nos meses de junho a outubro. Nesse documento constava ainda a receita adicional de cerca de 740.000$ devida pela iluminação de casas particulares, olhando ao princípio de que a energia apenas iria ser utilizada por 40% dos habitantes. Nessa previsão, as despesas não ultrapassariam os 3.800.000$. A linha utilizaria a bitola de novecentos milímetros que era a igual à dos Elétricos de Lisboa. Um cálculo efetuado pelo engenheiro portuense, Cudell Goetz, diz-nos que a viagem desde a Ericeira ao Campo Pequeno duraria entre quarenta a sessenta minutos, considerando as paragens já referidas. Previa-se que o concurso iria ser lançado após a construção de uma central elétrica destinada à iluminação pública da vila de Mafra, da Escola Prática de Infantaria e do Depósito de Remonta e Garanhões, que já se haviam iniciado no início do ano de 1932.
* As mudanças políticas, as persistentes crises económicas, o desvio de verbas para acudir a situações de emergência, inviabilizaram qualquer início dos trabalhos no terreno, fazendo com que o projeto ficasse eternamente esquecido nas "calengas gregas" como se apregoava à época.  


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